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Entenda o crédito de carbono na pecuária de corte
Saiba como calcular, certificar e vender o crédito de carbono

Você sabia que sustentabilidade ambiental pode alavancar o lucro? Se você se interessou por este artigo, você já deve ter visto que a pecuária é uma das poucas atividades em que o desenvolvimento de uma operação mais sustentável alavanca, significativamente, o lucro. Então, como e porquê isso acontece?
Entenda as emissões de gases efeito estufa na pecuária de corte
É importante saber, antes de tudo, que, na pecuária, há várias e diferentes emissões de gases-efeito estufa (CO2-eq). Do animal, temos o carbono (respiração), o metano (digestão) e o óxido nitroso (decomposição das fezes e urina). E que na pecuária a pasto, com baixa tecnificação (resultando em baixa produtividade), vai produzir algo em torno de 40 kg CO2-eq por quilo de carne produzida enquanto em sistemas mais intensivos esse valor se reduz em cerca de 40% (apesar de uma maior emissão total, a muito maior produção de carne reduz a pegada, expressa em kg CO2-eq/Kg carcaça. Mais interessante ainda, a consorciação com lavoura e floresta pode, simultaneamente, aumentar a produtividade animal e reduzir a emissão, até um ponto em que, sob práticas adequadas de cultivo, a emissão se torna negativa, ou seja, a atividade captura CO2eq.
Conheça as formas de Balanço Negativo de CO2 na pecuária de corte
Sistemas mais intensivos são sinônimo de maior produtividade e é aí que sustentabilidade e lucro começam a andar de mãos dadas. Mas a menor emissão de gases-efeito estufa pode gerar uma margem incremental, a partir da venda de créditos-carbono. E como isso funciona?
Existem três formas pelas quais se gera um balanço negativo de CO2-eq, a origem dos créditos-carbono:
A primeira, mais conhecida, é através do sequestro de emissões via a manutenção de uma floresta.
A segunda é através da captura da fonte das emissões e transformação secundária. Na pecuária equivaleria a recolher os dejetos animais (fonte de óxido nitroso), processá-las em um biodigestor, produzir metano (para usar como combustível em motores, produzindo CO2, que é 25 vezes menos poluente que o metano e 296 vezes menos que o óxido nitroso), o que é mais viável em processos de alta intensidade, como confinamentos.
A terceira, e que interessa para a grande maioria dos pecuaristas, é a adoção de intensificação técnica/operacional que resulte em menor emissão por unidade produzida.
Como o crédito-carbono vira dinheiro na pecuária de corte?
O pecuarista mais sustentável já produz uma carne “mais verde” e isso, sob o ponto de vista comercial/marketing, deveria gerar uma margem incremental, algo que a cadeia da carne precisa trabalhar. Voltando aos créditos-carbono, o primeiro passo é o pecuarista adotar uma metodologia de medição que seja válida é a única metodologia validada pelo IPCC é a baseada em consumo de energia. O passo seguinte consiste em ter um processo auditado é, para isso, o pecuarista deve contratar um agente certificador. Obtida a certificação, o passo seguinte consiste em obter os créditos, através de um agente. E, por último, converter esses créditos em dinheiro, através de uma bolsa de créditos carbono.
Viabilidade do crédito de carro na pecuária brasileira
Estes passos começam a ser tateados no Brasil e já há soluções medidoras, como a BovExo, alguns agentes certificadores e até mesmo uma bolsa. Mas o processo precisa ganhar escala rapidamente, não apenas por interesse do pecuarista, mas de toda a cadeia, para que o Brasil possa deixar de vender carne commodity e passar a vender carne de valor agregado, seja por qualidade seja por uma produção mais sustentável. Articular a cadeia produtiva da carne sob a forma de um “RenovaPec” (alteração do nome “RenovaBio”, desenvolvido para o setor de combustíveis e energia) deveria ser uma das pautas mais prioritárias, pauta essa que a BovExo vem articulando com diferentes entidades da cadeia.
Por Carlos Gomes, Co-Founder e Diretor Executivo BovExo
Fonte: Bovexo. Clique aqui para conhecer a ferramenta!