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Safra 2022: tudo o que o produtor precisa saber antes de acabar o ano
Clima, mercado e incertezas políticas no Brasil devem estar no radar dos agricultores e pecuaristas

Clima, mercado de grãos, nova taxação para o agronegócio e incertezas políticas no Brasil. Todos esses assuntos preocupam os produtores rurais e devem estar no radar até o final de 2022. Quem esclareceu mais sobre esses temas em mais um Papo de Agro foi a editora-chefe do Notícias Agrícolas, Carla Mendes.
Clima é fator de preocupação para o agro brasileiro
Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais são alguns estados que têm enfrentado dias seguidos sem chuvas, ou chuvas irregulares. Com isso, a necessidade de replantio já é uma realidade em algumas cidades dessas regiões. “Já estamos na safra mais cara da história, então precisar de um replantio é uma situação bastante grave. Além disso, estamos no terceiro ano de La Niña, principalmente no Sul, que já vem causando redução de chuvas nessa região. Centro-Oeste e Sudeste, também, estão sofrendo com as irregularidades”, pontuou Carla Mendes.
Altas e volatilidade no mercado de grãos
Inúmeros fatores têm contribuído para uma forte alta nos preços da soja nas bolsas internacionais. Em Chicago, o valor da commodity já está perto dos U$ 15,00 o bushel há alguns dias. Segundo Carla Mendes, parte desses ganhos e da alta das commodities estão atrelados a vários fatores, não somente no Brasil. “O mercado olha para toda a América Latina. Há falta de chuvas no Paraguai e a situação piora na Argentina, que já tem o plantio mais atrasado dos últimos 20 anos. O clima na América do Sul é o principal vetor do mercado agora e ele não está ajudando muito. Depois, temos também fatores como as taxas de juros nos Estados Unidos, os protestos na China que vem aumentando e a Guerra entre Rússia e Ucrânia”.
Taxação do agro e incertezas com o novo governo em 2023
Apesar de protestos de grande parte do setor agropecuário goiano, o governador Ronaldo Caiado conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa o Fundeinfra, um fundo de arrecadação de recursos para o melhoramento da infraestrutura de Goiás, que vai taxar segmentos do agronegócio no estado. “No Paraná, o governador Ratinho Júnior tentou fazer o mesmo, mas lá a lei não foi aprovada. Agora, com a transição de governo, essa taxação pode se espalhar para outros estados do país. Mas uma coisa é certa: se taxar o agro, a comida vai chegar mais cara na mesa dos brasileiros”, enfatizou Carla Mendes.
Os nomes cotados para assumir os Ministérios do novo governo Lula ainda não foram confirmados, mas já geram especulações e tensão no mercado financeiro e também no setor agrícola. “O nome de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, por exemplo, que está ganhando força, não está agradando esses setores, mas só nos resta acompanhar. Outro Ministério que precisamos acompanhar de perto, claro, é o Ministério da Agricultura. Já há nomes como Neri Geller, Carlos Fávaro, Blairo Maggi e Kátia Abreu são alguns nomes cotados para assumir a pasta. Pode haver a volta do Ministério da Reforma Agrária, que vai trazer líderes do MST novamente para o governo, algo que não agrada os produtores rurais nem um pouco”, lembrou Carla.
Lockdown, protestos na China e exportações brasileiras
Os chineses continuam nas ruas protestando contra as políticas rígidas de Covid Zero do governo. Nas redes sociais, vídeos mostram vários conflitos entre policiais e manifestantes em cidades importantes do país, como Pequim. Para Carla Mendes, a limitação das liberdades dos cidadãos chineses e a dificuldade de controlar a pandemia de coronavírus na China são fatores que têm acarretado essa rigidez das medidas de controle da doença.
“Isso está revoltando os cidadãos do país. Foram pra rua e começaram a protestar não somente contra essas medidas, mas contra o próprio governo de Xi Jinping. E quando falamos em exportação, estamos mandando soja e voltamos a mandar milho para os chineses, mas em um ritmo ainda menor por conta dessas questões. Esses protestos podem ganhar corpo e precisamos ficar de olho”, disse a editora-chefe do Notícias Agrícolas.